quarta-feira, 27 de abril de 2011

Ontem (poema em parceria)



E eu descobri que não são os amores felizes que mexem o mundo, mas sim, os contrariados”

(Gabriel Garcia Marquez)






Há os que tropeçam

No delírio do simples

Destes, é o reino da poesia

Há os que assistem a vida
Com os olhos herméticos

Poética ferrugem
De quem envelhece

Ao fim do dia.

Há quem desalinhe
Pensamentos de madrugada

Destes, é o reino da poesia

Que troca paixões efusivas
Entre o passado
E o nada

E se perde em metáforas surdas
Alheias ao som
Das lembranças tardias


(Alana e Filipe Jardim)

Nas margens















Falar de amor
É esgueirar-se pelas beiradas
De qualquer coisa.

É formosa aproximação.

O amor que nasceu
Para nivelar-se
Às palavras

Morreu no momento
De sua
Representação.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Amor de filme antigo

















Quero um amor de filme antigo

A chegar de trem
Ou partir de navio

Que me acene com um lenço
Ambíguo

De um lado tenha amor
E do outro
Extravio.

Metade Plena

















O vento sopra até romper a si

Como quem sabe vão
O sonho de ser inteiro

Convoca os fios de ar mais insanos
Pra voarem de mãos dadas
No intervalo
Dos pretextos

Perde feliz
Seus pedaços
Pelo mundo

Dispondo ao complexo
O gozo de ser
Completo
Ao meio.

domingo, 17 de abril de 2011

Extremos


















Ora ofereço a todos
Ora guardo
O meu amor pra poucos

Não entendo
Como meus extremos dependem dos outros.

Apenas nos olhos da madrugada
Parece haver vida
Por trás deste esboço

Nem rosto
Nem passos
Nem nada

Só a madrugada
Inventando contornos

Que ora ofereço a todos
E ora resguardo

À sombra de poucos.

Domingo


Domingo tem jeito de sol
Tem cheiro de banco de praça
Lábios secos
Olhos fracos
E modos de moça
Recém casada

Domingo tem paredes brancas
Gosto de pasto
Com
Estátua de gesso
E palavras de areia

Domingo não chove
Nem incendeia

No máximo, um terremoto de fotos antigas.

 Domingo é espera.
É uma paz cansativa.







terça-feira, 12 de abril de 2011

Gerações




















Há poesia
Na janela das gerações

Há flores variáveis
Ideologias
E multidões

Em todas elas
Há o grito do tempo
Dos costumes
Da linguagem

Em todas elas
Há os sonhos imunes
E os que ficam à margem

Das opções.